terça-feira, 4 de março de 2008

Roma e a educação

Civilização arcaica de Roma → uma cultura fortemente tradicionalista, intercâmbio de mercadorias agrícolas, constituição de latifúndios, um estilo de vida frugal, uma religiosidade ligada à terra, às estações do ano, à produção agrícola.
Educação na Roma arcaica → caráter prático, familiar e civil, destinado a formar em particular o civis romanus e consciência do direito como fundamento da própria “romanidade”.
Mulher romana → mater famílias; reconhecida como sujeito educativo.
Roma, após a conquista da Grécia (a última cidade conquistada foi Alexandria, com o Egito, em 30 a. C.), aproxima-se cada vez mais dos grandes modelos da pedagogia helenista, racionalizando-se, libertando-se do vínculo com o “costume” romano arcaico e republicano Paidéia → formação humana pela cultura, que reproduz uma expansão e uma sofisticação, bem como uma universalização das características próprias do homem.
sujeito humano ≠ cidadão
A pedagogia romana não é original, tomando amplamente temas e aspectos da cultura greco-helenística, mas introduz, uma forte consciência prática, uma perspectiva explicitamente formativa e individual que as tornam novas em substância – em relação ao universalismo mais típico da cultura helenística em geral – e até próximo, por alguns aspectos, da sensibilidade e dos problemas modernos.
A cultura helenística ultrapassou os modelos mais estreitos da Roma arcaica e produziu figuras de humanitas cosmopolitas e universais, por um lado, e mais individuais, por outro, fazendo retroceder o éthos como horizonte educativo, pelo menos para as classes cultas e dirigentes, e introduzindo uma nova idéia de formação.

A educação na Grécia

Grécia → construiu, por intercâmbio comerciais e culturais, uma profunda unidade espiritual, que deu vida a uma “civilização comum”.
“Programa educativo” dos gregos da aristocracia:
Aspecto físico-esportivo (educação heróica) → os adolescentes aristocráticos são treinados a combater através de competições e jogos.
Aspecto cortês-oratório-musical → exercício com a lira, dança e canto.
Práticas religiosas → a leitura dos signos, os ritos do sacrifício, o culto dos deuses e dos heróis.

Afirmação da pólis → uma cidade-Estado com forte unidade espiritual (religiosa e mitopoiética) que organiza um território, mas que sobretudo é aberto para o exterior (comércio, emigração, colonização) e administrado por regime ora monárquico, ora oligárquico, ora democrático, ora tirânico, mas no qual o poder é regulado por meio da ação de assembléias e de cargos eletivos.
Pólis → um Estado que se autogoverna.
Pólis → uma comunidade de vida espiritual que se estabelece pelas leis e os rituais.
Função educativa dos jogos agonísticos e da atividade teatral (festividades religiosas e momentos eminentemente comunitário) no âmbito da pólis.
Pólis = uma “comunidade pedagógica”.

O òikos (espaço familiar) é o domínio das mulheres: o que acontece nele está sob o seu controle, mas nele é a lei masculina que reina e que sanciona por último a atividade.

Esparta → modelo de Estado totalitário
X
Atenas → modelo de Estado democrático

sofistas → representantes exemplar do período do “iluminismo grego” (século V-IV a. C.)
└→ mestres de retórica e de sophia (de sapiência técnica, ligada a técnica do discurso), que ensinavam mediante pagamento, dedicando-se aos grupos sociais emergentes e iniciando-os na thechne da oratória, por meio de discursos exemplares e argumentações erísticas (que punham em dificuldade o adversário).

Paidéia:
A formação de uma “humanidade superior” nutrida de cultura e de civilização, que atribui ao homem sobretudo uma identidade cultural e histórica.
Passagem da educação para a pedagogia, de uma dimensão pragmática da educação, para uma dimensão teórica, que se delineia segundo as características universais e necessárias da filosofia.
Nasce a pedagogia como saber autônomo, sistemático, rigoroso.
Nasce o pensamento da educação como episteme, e não mais como éthos e como práxis apenas.

Sócrates (470-399 a. C.) (71 anos) → seu método educativo consiste em favorecer o diálogo, que abre para a dialética, e a sua radicalização, em solicitar um aprofundamento cada vez maior dos conceitos para chegar a uma formulação mais universal e mais crítica; desse modo se realiza o “trazer para fora” da personalidade de cada indivíduo que tem como objetivo o “conhece-te a ti mesmo” e a sua realização segundo o principio da liberdade e da universalidade.
Platão (427-347 a. C.) (80 anos) → fixa dois tipos de paidéia, uma – mais socrática -, ligada à formação da alma individual, outra – mais política -, ligada aos papeis social individual, distintos quanto às qualidades intrínsecas da sua natureza que os destinam a uma ou outra classe social ou política.
Isócrates (436-338 a. C.) 998 anos) → de inspiração retórico-oratória e gramático-literário; fixa-se a organização do discurso em quatro partes (proêmio, narração, demonstração, parolação). Sua paidéia tem o centro na palavra, colocando o sujeito em posição de autonomia, mas sempre como interlocutor da cidade, na qual e pela qual se desenvolve uma subjetividade mais rica de humanidade.
Aristóteles (384-322 a. C.) (62 anos) → a pedagogia é reconfirmada, seguindo Platão, como disciplina formadora da alma e como ação civil, ligada à cidade.

A sociologia de Durkheim

Émile Durkheim (1858-1917)

Primeiro objetivo da sociologia → afastar-se do senso comum, para que não se torne apenas uma simples paráfrase dos preconceitos tradicionais, nos mostrando coisas diferentes de como as vêem o vulgo.
Fato social = coisa; cuja natureza, ainda que dócil e maleável, não é modificável à vontade.
A consciência, tanto individual quanto social, não é substancial, mas apenas um conjunto mais ou menos sistematizado de fenômenos sui generis.
A vida social é inteiramente feita de representações.
Fenômeno social → exteriores às consciência individuais, não sendo possível compreendê-lo pelas partes, mas pelo todo (o coletivo).
Representação coletiva → traduz o modo como o grupo se pensa em suas relações com os objetos que o afetam.
Fato social → maneiras de agir, de pensar e de sentir que existem fora das consciências individuais. Os valores morais, deveres, sistemas ou práticas, ainda que estejam de acordo com os sentimentos próprios de cada indivíduo, não deixam de ser objetivos; não foram obra individual, mas foram recebidos pela educação, existindo independente e antes dos indivíduos. São exteriores, como também dotados de uma força imperativa e coercitiva em virtude da qual se impõem a ele, quer queira, quer não.
Maneiras de agir, de pensar e de sentir consistem em representações e em ações diferentes dos fenômenos orgânicos e diferentes dos fenômenos psíquico, os quais sô têm existência na consciência individual e através dela.

Da divisão do trabalho social, As formas elementares da vida religiosa e em O suicídio → um mesmo esquema de desenvolvimento do seu pensamento:
1) definição do fenômeno;
2) refutação das interpretações anteriores
3) explicação propriamente sociológica do fenômeno considerado.
A sociologia para Durkheim é o estudo dos fatos essencialmente social, e a explicação desses fatos deve se dar de maneira sociológica.
Concepção da sociologia baseada em uma teoria do fato social.
Objetivo → demonstrar que pode e deve existir uma sociologia objetiva e cientifica, conforme o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social.
Condições necessárias → 1) que seu objeto seja específico, distinto do objeto das outras ciências; 2) que possa ser observado e explicado de modo semelhante ao que acontece com os fatos observados e explicados pelas outras ciências.